mercredi 5 avril 2017



Pré-projeto: O complemento lunar
Disciplina: Laboratório de Criação - Artes Cênicas - IDA
Prof.: Dr. Marcus Mota
Doutorando: Roberto Medina


PROPOSTA

                O presente pré-projeto pretende desenvolver a manifestação literária e fotográfica a partir da motivação artística encontrada nos fragmentos de Heráclito. Para tanto, diferentes etapas estarão imbricadas no desenvolvimento da produção da feitura expositiva. O mote norteador é o ocultamento da natureza, circunscrito nos precípuos heraclitianos do fruir permanente das coisas e dos opostos complementares. 

                 Objetiva-se isso na representação da lua como complemento do sol, sendo um outro dentro do seu outro, conforme preceitua Hegel. Daí surgirão os diálogos artísticos entre fotografia, música, teatro, dança e literatura numa exposição-instalação.
               
CONCEITO ESTÉTICO

                Os fragmentos e aforismos de Heráclito recebem abordagens interpretativas, dependendo da época que os lê, sendo designado o autor como “artista literário” ou “pensador filosófico”. Neste momento criativo, prefiro pensar seus textos a partir da ideia de “Logos”, enquanto pluralidade agrupada do que tende de uma maneira natural a separar-se do que tende a ser disjunto. Isso tensiona os elementos relacionais e duais, enlaçando as diferenças do todo nas dimensões contrárias e indissociáveis. Elas, por sua vez, são o constante devir, pois a transformação dos contrários não cessa, havendo constante movimento e impermanência. Vale salientar que tais transformações não são pacíficas.

                No imaginário grego antigo, as forças indissociáveis e contrárias podem estar caracterizadas em Apolo e em Dioniso; então, o mundo sensível pode ser enganador, sendo o que os sentidos captam do mundo está em permanente mudança. Para Heráclito, em seus aforismos sibilinos e oraculares, há a busca do evidente e do mais comum a todos os homens. Portanto, neste pré-projeto artístico, o elemento natural que encapsula os três fragmentos de discurso ambivalente e enigmático será a lua.

                Os fragmentos que apontam para o elemento natural lunar em ocultamento são:

. “A Natureza (physis) ama ocultar-se” (fr. 123)

. “Como alguém se oculta do que nunca se põe? (fr. CXXII)

. “Fui em busca de mim mesmo” (fr. 28).

                Se há a lua, seu oposto e complemento é o sol. Vincula-se um aparecer e um desaparecer, um surgir e um ocultar-se na ordem humana, na ordem divina e na ordem natural, como paradoxo lógico dentro de processos cíclicos. O mundo em movimento é apreendido por Heráclito, mas o que de fato permanece evoca o novo e a novidade, deixando aberta para o aparecimento de seu contrário. Ou seja, a ordem invisível supera a visível, dando-se, dessa forma, o ciclo cósmico, enquanto transformação das matérias: criação e recriação, ocultamento e revelação.


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